Os três porquinhos - Trimoços

Blogue mantido, a muito custo, por António Simas, João Campos e João Miranda - Temos imperiais e tremoços sempre a sair!

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Eu tive um sonho

Dizia alguém aqui há dias, na televisão, que José Sócrates cumpriu uma das suas promessas eleitorais, reduziu o défice, o que para começar não é nada mau. Na mais pura e inocente insanidade, que tão bem me caracteriza, reflecti sobre a verdadeira razão que torna tão difícil a execução das ditas promessas. Sócrates é um homem religioso, logo o pagamento de promessas é algo a que o Primeiro-ministro não pode fugir. Mas eu coloco-me no lugar de Sócrates, nunca fiz nenhuma promessa à Santa logo nunca fui a Fátima a pé, mas as imagens dos peregrinos que passam anualmente na TV, de gentes que percorrem centenas de KM's cujos pés aumentam o seu tamanho em três vezes, cobertos de bolhas ensanguentadas que só a fé e umas pomadinhas podem curar, movidos apenas por uma força interior quase inexplicável, deixam-me impressionado e a pensar duas vezes, aquilo é capaz de doer mesmo e não acredito que o alto representante do governo seja apologista da dor em prol do pagamento de promessas. O relevante aqui é que José não precisa de ir a Fátima a pé porque não fez promessas à Virgem, fez sim aos portugueses, logo quando promete que vai aumentar as reformas e não extingui-las faz uma promessa a todos os idosos do país e há uma forma inteligente de resolver isto, José Sócrates só tem de sair de São Bento de joelhos e dessa forma dirigir-se ao ponto mais próximo onde os jovens acima dos 65 anos se reúnem para jogar chinquilho ou à sueca e está paga a promessa. Sócrates promete que não vai perseguir tanto os feirantes, vai de joelhos até à feira do relógio. Promete que vai melhorar os acessos entre a periferia e a cidade de Lisboa, vem a Odivelas de joelhos, onde todos o esperamos com paus e pedras, estou na reinação Zé, são mais archotes e uma cruz sobre um belo amontoado de lenha que acenderemos em ocasião de sua visita. Isto é o que proponho ao Sr. Primeiro-ministro, uma forma mais fácil de pagar as promessas que faz. Mas mesmo que este aceitasse esta proposta de certeza que engenharia - palavra da mesma família que engenheiro - uma forma de não se aleijar muito no processo, possivelmente colocaria umas joelheiras, mas não é isso que os portugueses querem, queremos sangue!
E aqui entre nós, de certeza que Sócrates faz figas de cada vez que faz uma promessa à gente, é pouco malandro é...

AS

P.S. José, prometeu-me que o Benfica ia ser campeão, mexa lá uns cordelinhos s.f.f.

Ao Abílio

Ao Abílio.
Ia eu a caminho da faculdade para realizar a minha última frequência do semestre quando presenciei um diálogo deveras interessante, cujo teor se revela assaz pertinente para exposição neste blog. Um senhor na casa dos seus 55 / 60 anos sai de um carro acompanhado por aquela que devia ser com certeza a sua esposa, e dirige o seguinte comentário para o arrumador de carros que o tinha co-adjuvado na difícil tarefa de enfiar o automóvel no anicho reservado para o efeito: “Você não tava aqui antes, pois não?”. Ao que o supracitado respondeu: “Não pá, mudei de lado já há alguns meses, antes tava do outro lado.”
Portanto, mais do que um arrumador de carros que tem a perfeita noção do lucro que obtém de um e de outro lado da via, temos ainda um utente atento (tanto “T” que utilizo!, tento travá-lo, todavia o teclado trai-me) que acarinha estes técnicos de ocupação do território, indagando acerca do seu árduo trabalho.
Já era tempo de o Sindicato dos Arrumadores de Automóveis se mexer e fazer alguma coisa. Este é, tanto quanto sei, o primeiro fenómeno de progressão na carreira, e bem o merece o moço que a alcançou. Vendo a forma exímia com que manejava o jornal enrolado na mão esquerda e a maneira perfeita como descrevia movimentos circulares com a mão direita para indicar o rumo a dar ao volante, creio que não merecia apenas mudar de lado da estrada, como ainda se justificava um qualquer decreto-lei que fixasse as moedas de 2€ como pagamento mínimo para os seus serviços! E que tal uma casa-de-banho pública que evitasse que o - vamos chamar-lhe “Abílio” - fizesse chichi na rua? Porque ele faz, já o vi várias vezes encostado ao muro, de costas para o mundo, com as mãos ao nível da cintura, correndo um rio amarelo pelas pedras da calçada. E depois tenho o AS e o JM a quererem vir comigo para a faculdade, na esperança de um olhar fugaz que lhes permita vislumbrar a totalidade ou pelo menos parte do…continuando, Abílio, amigo, parabéns pela mudança de lado (sem quaisquer trocadilhos com a tua orientação sexual, como sucede com os co-autores deste blog). Qualquer dia mudas de país. Sim, que trabalho como tu o fazes, só se vê lá fora…nem um espelho lascado, nem um risco na chapa, nem um encosto no de trás ou um “beijinho” no da frente. Os carros que arrumas ficam equidistantes à frente e atrás, perfeitamente alinhados e sabiamente organizados segundo ordem alfabética (2ª e 4ª feiras), harmonia cromática (terças e quintas), preço de mercado (sextas e sábados) ou “whateva mothafocks” (domingos e feriados), em que privilegias o caos, só para variar. Sem descanso semanal ou férias pagas, é obra.

Um grande bem-haja, Abílio.
Atenciosamente,
JC

Ano Novo, Feira Nova

Querido diário, ainda me sinto meio abananado com a passagem de ano. A festa de arromba que fiz com a minha avó Gertrudes deixou marcas. Torcemos ferozmente pela família Azevedo no "Família Superstar" enquanto na loucura bebiamos shots de leite achocolatado Ucal. Depois de darmos conta do leite passámos para o chá preto, diz que tem cafeína e que nos deixa assim muito acelerados.
Mas o ponto alto da noite foi quando abrimos a garrafa de espumante, enchi quase metade do copo, e depois daquilo fiquei muito contente e ri muito. Já não me sentia assim desde que o primo Abílio me deu a fumar aquele cigarro que tinha um cheiro engraçado.
Ao acordar no dia seguinte percebi que foi um ano fantástico, sendo a última noite o ponto alto, mas de qualquer forma decidi fazer uma lista de resoluções para o novo ano, para que sejam mais 366 dias memoráveis, aqui vai:

- Deixar de fazer telefonemas anónimos do tipo: "É de casa do Sr. Leitão? É para dizer que foi promovido a porco!"
- Não usar os W.C. públicos dos deficientes motores só porque são mais espaçosos.
- Aprender a dizer palavras ao arrotar.
- Beber menos café porque me deixa um bocadinho agitado.
- Dedicar menos tempo ao canal Fashion TV e mais às mulheres a sério.
- Cortar o cabelo à Paulo Bento.
- Escrever um livro cujo título será "Eu, Raimundo".
- Fazer psicoterapia para acabar com os impulsos piromaníacos.
- Tomar mais de um banho por semana.
- Não comer o alimento do gato.
- Não apalpar tanto os meus amigos.

Pronto, é isto, para 366 dias acho que é suficiente.
Entretanto já tive tempo de sair à rua e saborear o novo ano, quis ver o que mudou por cá, mas parece que não há muito que contar...É verdade que os fumadores vão começar uma guerra civil, que as reformas aumentaram quase 3% e que o preço da gasolina vai aumentar, em breve seremos também o país da U.E. com a gasolina mais cara, sempre para a frente Portugal! Mas, tirando isto pouco ou nada mudou, os empregados de café continuam a cortar as bolas de Berlim ao meio, temos um Sócrates que de pensador tem pouco, não há estrelas porno mundialmente conhecidas a morar no nosso país, o Joe Berardo está por cá para chatear toda a gente, os gorros à campino continuam na moda entre o pessoal bazzoff, continuamos a ser mal atendidos no Allgarve por sermos portugueses, o Rui Santos continua sem amigos e o Mantorras coxo, cenas do nosso quotidiano que me levam a perguntar, será que o fim de ano calhou mesmo a 31 de Dezembro ou vem um bocadinho atrasado?

Raimundo

Quem sabe...sabe

E a minha avó vira-se para mim do alto dos seus 81 anos e diz-me: "Ai filho, Deus te dê uma rapariga desenrascada e jeitosa!" Eu também espero avó. Sobretudo jeitosa.


E eu disse para a minha avó: "RFM, só grandes músicas." E ela respondeu-me: "O quê? Sogra das músicas?" Sim, era isso avó.


Tenho dito: o país não anda para a frente enquanto as rádios portuguesas não ouvirem o que a minha avó tem para dizer. É toda uma panóplia de pérolas que vale a pena. A começar por slogans que ficam no ouvido. "RFM, sogra das músicas." Tenho dito.

JC


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