Os três porquinhos - Trimoços

Tirem-me a ideia de que o Benfica tem 6 milhões de adeptos em Portugal, a fantasia de que o Mantorras poderá voltar a valer 18 milhões de contos e as obras eternas no IC19 e no Túnel do Marquês, tirem-me o buço da mulher de Trás-os-Montes, as caralhadas das senhoras do mercado do bulhão, o sovaco farfalhudo, os ouvidos a pulsar com cera e o escarrar constante do beirão português, tirem-me as telenovelas da TVI que têm como titulo o nome de uma canção de sucesso, a mania de colocar séries de sucesso a altas horas da madrugada e os “Malucos do Riso” em horário nobre, os campeonatos de imperiais no Verão mesmo se isto encher a bexiga de um sujeito de tal modo que este já não se consiga dirigir ao W.C. mais próximo, o assobiar dos trolhas quando passa uma gaja boa, os passeios cobertos de cocó dos cães, os gays do Parque Eduardo VII e o carro do Nuno Gomes à porta do Elefante Branco apesar de este jurar a pés juntos que não frequenta tal bar, tirem-me as avarias da linha verde do Metro de Lisboa, a crença de que ‘O’ dos negros é maior, as bifas esturricadas no sol do Algarve, as férias passadas por Portugueses no Brasil durante o mês de Agosto sabendo que esta é a época das chuvas no continente sul americano, tirem-me os cachorros, hambúrgueres e pitas shoarma a transbordar de molho, as barras no Lux e os arrastões nas praias, tirem-me os vícios femininos do JC e os pés mal cheirosos do JM, tirem-me as filas para tudo, os guardanapos ásperos dos nossos cafés, os jipes UMM e as falhas do Multibanco.
Tirem-me tudo isto mas não me tirem a fala, porque se assim for poderei dizer, tal como o Toy, sou português (e com orgulho).

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