Que fazer na retrete?
5 Comments Published by Os 3 porquinhos on sexta-feira, novembro 24, 2006 at 3:08 PM.
É incrível como a mais singela casa-de-banho, o mais exíguo WC, ou o mais chique e espaçoso quarto-de-banho se revelam um espaço propício à reflexão, convidativo ao exercício do raciocínio... Muitas vezes dão mesmo origem às mais elaboradas teses de doutoramento, aos mais rebuscados pensamentos sábios, às mais sonoras formas de flatulência. Quer-me cá parecer que mesmo Newton não teve o tal clic num pomar. O mais parecido com maçã era a matéria disforme e malcheirosa que o fitava do fundo do poço murado de loiça, matéria essa que em tempos havia sido chamada de «almoço»...
Os nomes são muitos, a realidade é só uma - a casa-de-banho é isto mesmo, uma mistura de sensações a cada dia que passa. Por vezes assustadora, outras aliviadora; ora sentimos alívio e até um certo prazer, ora respiramos fundo antes de entrar, com a face lívida e um medo terrível de perder o sentido do olfacto quando de lá sairmos.
Desta vez estava eu sentado no meu cantinho respondendo com alívio ao chamamento da Mãe-Natureza quando uma dúvida me assaltou de rompante: que fazer no nosso pequeno Palácio das Necessidades para além de bombardear a loiça? Com que nos ocupar sentados no nosso "obrigatório-acertar-no-alvo"? Em que pensar neste antro de fantasia que alia um misto de desconforto e alívio a um tédio infindável (sobretudo em dias de Cozido à Portuguesa ou Feijoada à Transmontana)?
Talvez o mais simplista dos leitores arrisque a contagem dos azulejos da divisão mais húmida da casa. Poderá porventura um outro leitor sugerir a leitura de um livro naquelas jornadas mais longas. Mas todas as hipóteses acabam por cansar. Tudo entedia. Tudo se torna gasto. Tudo enfastia.
E por entre gases, líquidos e sólidos o pensamento esvai-se cheio de nada e pleno de vazio.
JC
Os nomes são muitos, a realidade é só uma - a casa-de-banho é isto mesmo, uma mistura de sensações a cada dia que passa. Por vezes assustadora, outras aliviadora; ora sentimos alívio e até um certo prazer, ora respiramos fundo antes de entrar, com a face lívida e um medo terrível de perder o sentido do olfacto quando de lá sairmos.
Desta vez estava eu sentado no meu cantinho respondendo com alívio ao chamamento da Mãe-Natureza quando uma dúvida me assaltou de rompante: que fazer no nosso pequeno Palácio das Necessidades para além de bombardear a loiça? Com que nos ocupar sentados no nosso "obrigatório-acertar-no-alvo"? Em que pensar neste antro de fantasia que alia um misto de desconforto e alívio a um tédio infindável (sobretudo em dias de Cozido à Portuguesa ou Feijoada à Transmontana)?
Talvez o mais simplista dos leitores arrisque a contagem dos azulejos da divisão mais húmida da casa. Poderá porventura um outro leitor sugerir a leitura de um livro naquelas jornadas mais longas. Mas todas as hipóteses acabam por cansar. Tudo entedia. Tudo se torna gasto. Tudo enfastia.
E por entre gases, líquidos e sólidos o pensamento esvai-se cheio de nada e pleno de vazio.
JC
Eu adoro ler , na retrete !
Achei imensa piada ao texto , está optimo :)
Pois olha... já viste as minhas manias? (lá no meu canto)
Mas sabes estou a começar a amadorecer a ideia de fazer um doutoramento... talvez se o fizer neste contexto que tu sugeres a coisa "saia" com mais facilidade...
É um lugar onde não há depressões nem tédios!
Encontramo-nos connosco e... funcionamos!
um brise toque e fresh mental!
Hipóteses:
1 - Roubar o telelé aos filhos e jogar snake;
2 - Levar outro livro para a pilha e (re)começar nas partes mais empolgantes;
3 - Pegar na Cusca ao colo e fazer-lhe festinhas na barriga;
4 - Pegar no Panic ao colo e tirar-lhe as crostas das mordidas da Cusca;
5 - Pegar nos dois ao colo e tentar sobreviver com alguma dignidade à situação de sermos apanhados (por algum incauto que entre na casa-de-banho sem bater à porta) no meio de uma batalha campal entre duas feras manhosas, que se está a desenrolar no nosso colo, quando temos as calças junto aos tornozelos.