Os três porquinhos - Trimoços

Blogue mantido, a muito custo, por António Simas, João Campos e João Miranda - Temos imperiais e tremoços sempre a sair!

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Peixinho

Raimundo era um daqueles típicos falhados, 21 anos, emprego mau, tinha óculos, nariz grande, um penteado pior que o do Paulo Bento, mãos mais calejadas que as das gentes do campo e gostava de uma rapariga que não podia ter…Apesar de tudo isto julgava-se capaz de a conquistar, Raimundo olhava o espelho e via um rapaz inteligente, com piada e sensível (daqueles que gostam de dar longos passeios pela praia ao pôr do sol, não confundir com outro tipo de sensibilidade), ou seja, tudo aquilo que pensava ser necessário para conquistar qualquer mulher, até mesmo uma Dina Pedro.
Numa noite em que jogava ao peixinho com os seus amigos, pensou em deitar tudo cá para fora, tudo o que lhe ia no coração, assim na loucura e convida-a para sair, ela acede. No dia seguinte lá está ela com o seu sorriso radiante, Raimundo treme qual doente de Parkinson, a presença dela deixa-o hoje anormalmente ansioso, as piadas não saem e frases como ‘ está um dia bonito’, ‘o Benfica jogou bem ontem’ ou ‘acho que o Cláudio Ramos é gay…’ sucedem-se. Suores frios percorrem o seu frágil corpo à medida que o momento da verdade se aproxima, e eis que de repente, sem que nada o fizesse prever tem um laivo de loucura e diz-lhe como ela faz a diferença entre os seus dias medianos e os bons, como o sorriso dela o deixa sem jeito, como a presença dela o faz sentir bem consigo próprio, ela é tudo aquilo que ele quer, que ele merece e …. Não pode ter. Depois de alguns momentos de silêncio angustiante surge finalmente a resposta! É um não. Para Raimundo não é apenas mais um não, como poderá ele voltar a jogar ao peixinho sem pensar nela… Até ao fim do encontro reina o silêncio, ela não consegue deixar de pensar que perdeu ali em parte um amigo, ele debate-se com cólicas provocadas pela coca-cola que tinha bebido no cinema. Depois desse dia Raimundo voltou à sua realidade, hoje, aos 32 anos vive com a mãe, trabalha nos computadores e o seu jogo de cartas de eleição é agora o burro em pé. Dela já não tem noticias há alguns anos…

O mundo do amor pode ser doloroso, como Raimundo há muitos por ai, como nem todos podem ser como o Santana Lopes o peixinho há-de perder muitos fãs.

AS

4 Responses to “Peixinho”

  1. # Blogger Boop

    Ei-los de volta!
    Ainda falta um porquinho...
    Onde é que ele anda!?  

  2. # Blogger Boop

    Fizeste-me lembrar uma canç~~ao do Fausto. Não resisto a partilha-la!!!!

    Fausto - Eu Tenho Um Fraquinho Por Ti

    Eu tenho um fraquinho por ti
    tu não me dás atenção
    tu não me passas cartão
    quando me ponho a teu lado
    tremo nervoso de agrado
    e meto os pés pelas mãos
    tu vais gozando um bocado
    a beber vinho tostão
    eu com o discurso engasgado
    fico a um canto, que arrelia
    de toda a cervejaria
    onde vais rasgar a noite
    se te olho com ternura
    olhas-me do alto da burra
    que mais parece um açoite
    é um susto um arrepio
    que me malha em ferro frio.

    Eu tenho um fraquinho por ti
    que me vai de lés a lés
    tu dás-me sempre com os pés
    quando me atiro enamorado
    num estilo desajeitado
    disfarço em bagaço e café
    tu fumas o teu cruzado
    e fazes troça, pois é,
    já tenho o caldo entornado
    esqueces-me da noite p´ro dia
    em alegre companhia
    de batidas e rodadas
    tu ficas nas sete quintas
    marimbas, estás-te nas tintas
    p´ra que eu ande às três pancadas
    basta um toque sedutor
    eu cá sou um pinga-amor.

    Eu tenho um fraquinho por ti
    que me abrasa o coração
    quase me arrasa a razão
    a tua risada rasteira
    põe-me de rastos, à beira
    do enfarte da congestão
    encharco-me em chá de cidreira
    mofas de mim atiras-te ao chão
    zombando à tua maneira
    lá fazes a despedida
    ao grupo que vai de saída
    dos amigos da Trindade
    mas no fim da noite, à noitinha,
    tu ficas triste e sozinha
    à procura de amizade
    e como é costume teu
    chamas o parvo que sou eu.

    Afino uma voz de tenor
    ensaio um ar duro de macho
    quando estás na mó de baixo
    quero ver-te arrependida
    mas numa manobra atrevida
    rufia, muito mansinha,
    dás-me um beijo e uma turrinha
    que me põe num molho num cacho
    estremeço com pele de galinha
    e gosto de ti trapaceira
    da tua piada certeira
    do teu aparte final
    do teu jeito irreverente
    do teu aspecto contente
    do teu modo bestial
    noutra palavra mais quente
    eu tenho um fraquinho por ti.  

  3. # Blogger Os 3 porquinhos

    Quem sabe não andará por aí a Raimunda que treme na sua presença, inundada ela própria por suores frios e ansiedades incontroláveis...quem sabe se o peixinho não pode voltar a estar na moda, quem sabe se as cólicas pós-cinema não podem voltar a ser uma realidade num futuro próximo? No fundo Raimundo sabe que o melhor é não pôr pressão na história.

    JC  

  4. # Anonymous Anônimo

    fico à espera do resto da história =x  

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